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sábado, 15 de outubro de 2011

A arte do desencontro


         Qualquer relacionamento se rompe, namoro, noivado, casamento, sociedade e, pasmem, amizade também. Na maioria das vezes a amizade não é rompida bruscamente, o tempo, as atribuições do cotidiano, as mudanças de interesse, a entrada de uma terceira pessoa na história, enfim, tudo isso vai afastando os amigos, colocando o sentimento numa espécie de stand by, pronto para ser retomado assim que os caminhos voltarem a se cruzar.
         Entretanto, existem casos em que é necessário romper uma amizade antes mesmo que os laços se afrouxem ou que o sentimento esfrie. É uma questão de sobrevivência, sua e do outro, acontece geralmente quando há uma dependência muito grande, ou quando a trilha de uma das pessoas muda e a da outra permanece a mesma. Quem ficou geralmente não cabe mais na vida de quem foi, pelo menos, não no mesmo lugar que não cabia antes e caber mal numa vida que cabe tão bem na sua é tão ruim que é melhor nem caber.
         E assim as amizades se resfriam até se desmancharem, um não cabendo muito bem na vida do outro, resolve que é melhor ficar de longe, só observar, deixar o amigo crescer, ganhar o mundo, ganhar os outros. Eis uma sábia e amadurecida decisão que infelizmente não tem o poder de aplacar o sentir falta.