Qualquer relacionamento se rompe,
namoro, noivado, casamento, sociedade e, pasmem, amizade também. Na maioria das
vezes a amizade não é rompida bruscamente, o tempo, as atribuições do cotidiano,
as mudanças de interesse, a entrada de uma terceira pessoa na história, enfim,
tudo isso vai afastando os amigos, colocando o sentimento numa espécie de stand
by, pronto para ser retomado assim que os caminhos voltarem a se cruzar.
Entretanto, existem casos em que é
necessário romper uma amizade antes mesmo que os laços se afrouxem ou que o
sentimento esfrie. É uma questão de sobrevivência, sua e do outro, acontece
geralmente quando há uma dependência muito grande, ou quando a trilha de uma
das pessoas muda e a da outra permanece a mesma. Quem ficou geralmente não cabe
mais na vida de quem foi, pelo menos, não no mesmo lugar que não cabia antes e
caber mal numa vida que cabe tão bem na sua é tão ruim que é melhor nem caber.
E assim as amizades se resfriam até se
desmancharem, um não cabendo muito bem na vida do outro, resolve que é melhor
ficar de longe, só observar, deixar o amigo crescer, ganhar o mundo, ganhar os
outros. Eis uma sábia e amadurecida decisão que infelizmente não tem o poder de
aplacar o sentir falta.