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sábado, 15 de janeiro de 2011

Aos meus amigos armoriais

Lista de afazeres do dia

( X ) Fazer uma ousadia

( X ) Furar as orelhas

(     ) Ver o vidrinho do meu celular.

(     ) Comprar uma calça jeans azul clara.

(     ) Comprar uma blusa com um decote mal educado.

(     ) Comprar uma bolsa decente.

(  X )  Atualizar o blog com um conteúdo muito do bacana para os meus amigos

Bem, para não terminar o meu dia de folga sem ter cumprido pelo menos  40% das tarefas previstas, vim pensando no caminho da farmácia para casa, com as orelhas vermelhas e um brinco feio, o que de bom eu poderia oferecer no meu blog. E, nesta reflexão, fazendo um balanço do dia e lembrando de como foi bom abrir o facebook e ter mensagens do Fernando, ocorreu-me: MOVIMENTO ARMORIAL.
Eu tenho alguns bons amigos pernambucanos, a Nice, a Carol, o Fernando e o Beto todos eles armoriais.
Até antes dos anos 70, quando Ariano Suassuna (aquele do Auto da Compadecida) reuniu toda essa arte num movimento, a palavra armorial era só um substantivo cujo significado está ligado ao esmalte da heráldica (a arte de formar e descrever o brasão de armas, que é um conjunto de peças, figuras e ornatos dispostos no campo de um escudo e/ou fora dele, e que representam as armas de uma nação, país, estado, cidade, de um soberano, de uma família, de um indivíduo, de uma corporação ou associação.) Foi Suassuna quem transformou o termo num adjetivo, por achar a palavra bonita (concordo) e nas palavras do próprio "porque é ligado aos esmaltes da Heráldica, limpos, nítidos, pintados sobre metal ou, por outro lado, esculpidos em pedra, com animais fabulosos, cercados por folhagens, sóis, luas e estrelas. Foi aí que, meio sério meio brincando comecei a dizer que tal poema ou tal estandarte da Cavalhada era ‘armorial', isto é, brilhava em esmaltes puros, festivos, nítidos, metálicos e coloridos, como uma bandeira, um brasão ou um toque de clarim. Lembrei-me, aí, também das pedras armoriais, dos portões e frontadas do Barroco brasileiro, e passei a estender o nome à Escultura com a qual sonhava para o Nordeste. Descobri ainda para qualificar os ‘cantares' do Romanceiro, os toques de viola e rabeca dos cantadores - toques ásperos, arcaicos, acerados como gumes de faca-de-ponta, lembrando o clavicórdio e a viola de arco de nossa Música barroca de século XVIII."
Em recente entrevista, Suassuna acrescentou "(...) a arte armorial é uma recriação, é busca de suas origens de sua pureza original embora transcenda essas mesmas origens. Seja na tapeçaria, na escultura, na pintura, no teatro, na literatura, na música, em quaisquer de suas manifestações a arte armorial está embebida de um espírito dionisíaco, do gosto da festa, de comunhão..."
Nesse sentido, os meus amigos pernambucanos são para lá de armoriais
Não cabe aqui discutir a estética nem a ética do movimento armorial, por isso, não vou me aprofundar no assunto, só vou deixar um vídeo para que os visitantes sintam a magia do armorial e também para responder à pergunta da Jéssica sobre o que eu considero música boa.

P.S.: Não estou conseguindo inserir o vídeo, então, ele fica para a próxima postagem ;)

Fontes:

GUERRA FILHO, Willis Santiago. O movimento Armorial de Ariano Suassua. Disponível em: http://www.apropucsp.org.br/apropuc/index.php/revista-cultura-critica/41-edicao-no08/546-o-movimento-armorial-de-ariano-suassuna. Acesso em 15 jan. 2011

SUASSUNA, Ariano. Almanaque Armorial. Seleção, organização e prefácio Carlos Newton Júnior, Rio de Janeiro: José Olympio, 2008.

4 comentários:

  1. ... um post escrito como um frevo de Capiba ao som da orquestra Armorial...

    gostei daqui.

    bj.

    marilia

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  2. Um texto reluzente, verdadeiramente armorial, esmaltado e heráldico!

    Muito bom mesmo!

    Bjo.

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