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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Meia calça é para quem tem meia bunda!


Um dia desses eu fui convidada a participar de uma reuniãozinha no trabalho com gente de fora e, para esse momento, precisava estar dignamente vestida. Então, percebi que não tinha uma roupa digna – antes que vocês pensem que é conversa de mulher, quem me conhece sabe que é verdade, eu primo o conforto e a diversão, aí a dignidade acaba ficando em quinto plano, eis um princípio do mulambismo. Bem, pleno sábado a tarde, não tendo uma roupa digna, minha única opção foi o shopping, onde após rodar em várias lojas com peças de baixíssima qualidade e preços exorbitantes eu encontrei exatamente aquilo que eu precisava.
Agora, entra a conversa de mulher, comprei o que precisava e não resisti, encontrei uma calça perfeita, que me serviu direitinho (é difícil gente!) e a um precinho mais que camarada, o que me restou senão comprar?
Metade da produção resolvida, faltou o sapato. Eu tenho, uma sapatilha vermelha, desconfortável ao extremo que eu só uso quando necessário mas, como seria necessário estava perfeito. Eis que me encaminhando para a saída do shopping tinha uma loja com boa parte da coleção Crocs e uma sapatilha P.E.R.F.E.I.T.A. que eu já tinha visto na Internet, mas na loja estava custando 20,00 a menos, então, não resisti, entrei para experimentar.
O atendimento da loja, a Magic Feet, era excelente, um rapazinho muito atencioso foi buscar o sapato que eu queria no estoque enquanto isso me aproximei de Maria Vitória. Ela veio para perto de mim assim que eu sentei num dos bancos coloridos, estava acompanhada da mãe e da avó e já veio querendo fazer amizade, eu que quase não gosto de crianças, ignorei os conselhos do pessoal do Loucura Materna e comecei a dar atenção a ela, puxei assunto dizendo que o cabelo trançado dela era lindo, e ela logo me respondeu: é “afo”. Em menos de dois minutos éramos as melhores amigas, estávamos vendo os bottons para Cros que, infelizmente, só ela pode usar, afinal, ela tem 2 anos e 8 meses e eu um pouco mais de 31.
O tempo todo a mãe e a avó de Maria Vitória diziam para ela não me incomodar e eu, respondia que ela não estava me incomodando, pois estávamos numa brincadeira divertidíssima com os bottons, mas eu fiquei meio sem jeito, porque vai que a mãe e a avó não gostam que a menina brinque com pessoas estranhas (em todos os sentidos da palavra). Vendo que não tinha mais jeito, que a amizade já estava estabelecida, a mãe da minha amiguinha começou a me contar da dificuldade que estava enfrentando para encontrar um sapato para Maria Vitória, pois assim como eu, (desde a idade dela até hoje), ela não usa meia calça nem a pau.
A mãe da menina explicou que tinham um casamento e que ela tinha preparado uma roupa para o frio e outra para o calor, já que um vestido com meia calça seria missão impossível, então ela estava levando uma linda sapatilha Crocs para o calor e outra para caso de frio.
Ao explicar o drama da meia calça, Maria Vitória foi ficando meio sem graça, afinal de contas, não é fácil não gostar de uma coisa que toda menina deveria gostar. Foi aí que nossa amizade entrou em ação e fui logo dizendo: Sabe, Maria Vitória eu também não gosto de meia calça, não uso de jeito nenhum, é ruim para por, para tirar para ir ao banheiro, pinica, coça... ela me interrompeu mostrando que coçava atrás do joelho e eu concordei. Rapidinho a expressão dela mudou. Eu prossegui, você não precisa usar meia calça se não quiser, a gente é da turma das que não usam meia calça, toca aqui (um hi-five).
Nisso o vendedor trouxe a minha sapatilha, eu experimentei, ficou perfeita, as da Maria Vitória também ficaram perfeitas no pé dela. Creio que a mãe não tenha gostado muito da minha atitude, ela esperava que eu fosse incentivar o uso da meia calça. Fomos para a fila do caixa, eu paguei primeiro, me despedi da minha amiga com um abraço bem apertado e de sua família, saí da loja, em sequência a mãe, a avó e a Maria Vitória também saíram da loja. Logo senti uma mão em meu ombro, assustei e virei para trás, era a avó de Maria Vitória que me perguntou: Qual sua religião?  Respondi que era ateia e ela me disse, não é não, você é toda de Oxum e eu adorei.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Reparar X Admirar


Durante as minhas férias todos os dias eu ia buscar pão quentinho no Extra às 16:45, como só comprava o pão, pegava a fila de poucos volumes que costumam ser as maiores e mais demoradas. Em um desses dias estava à minha frente uma jovem senhora de 40 e poucos anos e no corredor em frente aos caixas um bebê que era a coisa mais fofa do mundo, ele tinha bem menos de um metro, acho que suas perninhas não deviam ter mais de 20 cm, mas ele corria com tanta rapidez que a adolescente dos cabelos azuis que estava cuidando dele quase não o conseguia acompanhar. Ele sabia exatamente para onde queria ir, em direção ao estacionamento, e a adolescente tentava detê-lo, desviá-lo, ele dando um baile nela e eu observando com muita atenção.
Vendo minha concentração na cena, a senhora que estava na minha frente virou para mim, já meio sem paciência e perguntou rispidamente se eu tinha filhos de pronto respondi que não e ela logo revidou: “por isso é fácil reparar no filho dos outros.” Eu, calmamente perguntei, ele é seu filho? E ela me respondeu que era neto, filho da adolescente que a essas alturas estava exausta, com as bochechas vermelhas enquanto o bebê continuava correndo sem demonstrar o menor sinal de cansaço ou intenção de dar uma folguinha para a mãe.
Então, calmamente eu respondi à senhora que estava pronta para dar aquele barraco comigo que eu não estava reparando no neto dela, mas sim admirando, admirando como perninhas tão curtas são capazes de correr tão rápido, além disso, ele tinha uma inteligência motora muito desenvolvida, por que ele sabia exatamente a hora de desviar da mãe e quando a mãe tentou pegá-lo no colo ele se jogou no chão e deixou o corpo todo mole de modo que ela teve muita dificuldade para pegá-lo. Isso tudo é muito difícil de fazer e não deve ser reparado, mas sim admirado.
A senhora me olhou com certo espanto e me disse: “Nossa, eu nunca pensei nele assim, para mim ele era só encapetado e a mãe dele incompetente por que não sabe dar educação. Muito Obrigada! Posso te dar um abraço?”
Assim, a avó do pequeno velocista se foi, quando eu olhei de novo estava lá a mãe que não devia ter muito mais de 18 anos, sentada num banco segurando o queridão meio que a força enquanto ele tentava se livrar da blusa para poder correr por aí com aquelas incansáveis perninhas de 20 cm.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Era uma vez...


Era uma vez um boy magia e uma mocinha nerd meio esquisitona, mas super divertida. Entre eles havia uma amiga em comum numa rede social, aí o boy magia e a mocinha nerd meio esquisitona, mas super divertida começaram a interagir através de comentários nos posts da amiga em comum na tal rede social.
Eles se adicionaram, começaram a conversar, pintou um interesse, eles foram se conhecer, e aí azedou o pé do frango, o boy magia tinha o coração ocupado e a mocinha nerd meio esquisitona, mas super divertida não tinha o menor traquejo social ou sensual.
Assim, cada um foi para o seu lado lá na rede social, não mais se falaram, não mais trocaram comentários nos posts e o tempo passou e passou. Acontece que a mocinha nerd meio esquisitona, mas super divertida percebeu o que já tinha percebido há muito tempo, que o boy magia é um cara daqueles para se ter como amigão, amigão para sempre e ela queria muito fazer amizade com ele, mas tem um medo danado de se aproximar. Vai que o boy magia entenda a aproximação como uma cantada, vai que o boy magia não queira fazer amizade, vai que...
E aí, amigo leitor, o que você sugere para a nossa mocinha nerd meio esquisitona, mas super divertida?

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Veja você...


Hoje pela manhã eu ouvi um colega de trabalho dizer que o Brasil não tem história nem cultura e desde então isso está martelando na minha cabeça, já fui até enjoativa de tanto que comentei sobre no facebook. Primeiro eu pensei em me intrometer na conversa que não era minha, mas eu sei que isso não funciona. Depois eu passei o dia escrevendo e reescrevendo um texto enorme que demonstrasse a minha indignação, o que certamente seria interpretado como ufanismo vazio, como se eu desconhecesse ou não me importasse com os problemas do país. Mas, no caminho para casa eu me lembrei de uma canção do Célso Viáfora e do Vicente Barreto interpretada pelo Ney Matogrosso, essa aí, ó:


E me dei conta de que certamente o colega desconhece 90% das referências da canção, por que se conhecesse, a canção seguinte faria todo o sentido do mundo...