Durante as minhas férias todos os
dias eu ia buscar pão quentinho no Extra às 16:45, como só comprava o pão,
pegava a fila de poucos volumes que costumam ser as maiores e mais demoradas.
Em um desses dias estava à minha frente uma jovem senhora de 40 e poucos anos e
no corredor em frente aos caixas um bebê que era a coisa mais fofa do mundo,
ele tinha bem menos de um metro, acho que suas perninhas não deviam ter mais de
20 cm, mas ele corria com tanta rapidez que a adolescente dos cabelos azuis que
estava cuidando dele quase não o conseguia acompanhar. Ele sabia exatamente
para onde queria ir, em direção ao estacionamento, e a adolescente tentava
detê-lo, desviá-lo, ele dando um baile nela e eu observando com muita atenção.
Vendo minha concentração na cena,
a senhora que estava na minha frente virou para mim, já meio sem paciência e
perguntou rispidamente se eu tinha filhos de pronto respondi que não e ela logo
revidou: “por isso é fácil reparar no filho dos outros.” Eu, calmamente
perguntei, ele é seu filho? E ela me respondeu que era neto, filho da
adolescente que a essas alturas estava exausta, com as bochechas vermelhas enquanto
o bebê continuava correndo sem demonstrar o menor sinal de cansaço ou intenção
de dar uma folguinha para a mãe.
Então, calmamente eu respondi à
senhora que estava pronta para dar aquele barraco comigo que eu não estava
reparando no neto dela, mas sim admirando, admirando como perninhas tão curtas
são capazes de correr tão rápido, além disso, ele tinha uma inteligência motora
muito desenvolvida, por que ele sabia exatamente a hora de desviar da mãe e
quando a mãe tentou pegá-lo no colo ele se jogou no chão e deixou o corpo todo
mole de modo que ela teve muita dificuldade para pegá-lo. Isso tudo é muito
difícil de fazer e não deve ser reparado, mas sim admirado.
A senhora me olhou com certo
espanto e me disse: “Nossa, eu nunca pensei nele assim, para mim ele era só
encapetado e a mãe dele incompetente por que não sabe dar educação. Muito
Obrigada! Posso te dar um abraço?”
Assim, a avó do pequeno velocista
se foi, quando eu olhei de novo estava lá a mãe que não devia ter muito mais de
18 anos, sentada num banco segurando o queridão meio que a força enquanto ele
tentava se livrar da blusa para poder correr por aí com aquelas incansáveis
perninhas de 20 cm.
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