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domingo, 21 de julho de 2013

Bebês são mágicos!


           Claro, como tudo na vida há quem não goste de bebês e não cabe a mim julgar os gostos ou preferências de ninguém, mas eu acredito que bebês são criaturas mágicas, não há como manter o mau humor diante de uma gargalhada banguela, qualquer tristeza do mundo vai embora quando eles esticam o bracinho pedindo colo para você. Não importa que o bebê não seja seu filho, seu sobrinho ou da sua família, ele é um bebê!
Tenho decido que jamais terei um bebê meu por incontáveis razões que não cabem aqui enumerar, mas todos os bebês do mundo são um pouquinho meus e os das minhas amigas um pouquinho mais, das amigas mais próximas mais ainda e os das irmãs então, nem se fale.
E a Gabi? Ah, a Gabi é a filha da Aline e do Alan, desses amigos que a gente não faz, mas reconhece vida a fora. Essa semana tivemos o prazer de receber a ilustre visita da família aqui em casa, nem preciso dizer que eu me derreti de brincar com a Gabi, minha mãe então, desenhou na batata com caneta bic, fez um chocalho com feijão e um potinho vazio e, por dias ficamos comentando dela com a meia dos Monstros, três passinhos, uma olhada para o pé, um sorrisinho maroto e: “disenhu”.
Hoje recebemos a notícia de que o meu nonno não está nada bem de saúde, há dias seus rins não funcionam e sua creatinina está bastante alta, o que faz com que ele perca a noção das coisas e entre em delírio. Ele tem 90 anos, está com a saúde bem frágil de um modo geral e nós sabemos que, pela lógica o tempo dele está terminando. Minha mãe é a pessoa mais calma e equilibrada que eu conheço, qualquer outra no lugar dela estaria fazendo aquele escândalo, mas, ela age naturalmente, porém, eu sei que ela está triste e, pior, não há nada que eu possa fazer.
Há pouco minha mãe falou rapidamente com minha tia que está cuidando do meu nonno lá no interior, a conversa foi interrompida pela chegada do médico, minha mãe me devolveu o celular e voltou aos seus afazeres, assim, com os olhos caídos.
Passados uns 10 minutos, minha mãe me chamou, fui até a cozinha e lá estava o pote de arroz em cima da mesa, (minha mãe está ficando com mania de velho, recortou o Tio Joao da embalagem do arroz e colou no pote). Perguntei o que ela queria e ela me disse: “Você não vai acreditar, como a Gabi é inteligente! Eu fui pegar o feijão para fazer o chocalho para ela, ela viu o pote de arroz apontou e falou “disenhu”, o pai dela até veio olhar, por que ela ficou abaixadinha falando “disenhu”, aí, eu peguei o pote e coloquei em cima da mesa para ela ver o desenho e, você acredita que ela me pediu colo para por a mão no Tio João?”
Eu: E, você nem me chamou para ver?
Minha mãe: Ah, você e a Aline estavam conversando...
Eu vi que a expressão da minha mãe mudou, como se a partida eminente do meu nonno fosse uma etapa da vida que se inicia cheia de esperanças e sonhos em cada um desses pequenos e, aproveitando a deixa, chamei minha mãe para ver o vídeo do Gustavo, meu amigo intrauterino, filho da Maria, um careca charmosíssimo fazendo pose para a foto e a Anne da Tamis, sentada na sala de espera com uma toquinha de cup cake. Minha mãe vendo a caixa com as meinhas das meninas disse: enquanto o feijão cozinha, dá a meinha da Ágatha (da Lili) para eu embrulhar, bom que você escolheu essa para ela, por que não vai apertar o pezinho gordo dela e mesmo que não sirva já, a mãe pode guardar um pouquinho, logo vai servir. Vai ser como o macacão de baseball do Thomaz (da Claudinha), quando você der para ela, ela vai achar enorme, mas logo ele vai perder.
E assim a vida segue...

P.S.: Queria muito a foto desses lindos e do Guilherme da Jéssica ilustrando o post, mas não consegui falar com as mães antes da publicação... Imaginem, caros leitores os bebês mais fofos e gostosos do mundo.

sábado, 4 de maio de 2013

Bem, gente amiga

É sabido que o cancioneiro popular, não só do Brasil como do mundo todo está cercado de canções que não são necessariamente politicamente corretas, mas que retratam uma realidade e acabam virando ícones, uma delas é Amélia que virou sinônimo de mulher submissa, dedicada ao lar e que, de certa forma até denegriu a imagem das donas de casa. Um de seus autores, Mario Lago, tentou morrendo se explicar de que vários versos eram apenas licenças poéticas, que o objetivo da canção era falar de uma mulher companheira e dedicada, mas não teve jeito, as pessoas preferiram outra interpretação.
Hoje, voltando do salão de beleza onde fui fazer as unhas, com a minha mente bagunçada que estabelece conexões inexplicáveis, lembrei da Marina do Dorival Caymmi, que sem sombra de dúvidas é uma belíssima canção, mas é machista para caramba, então, fiquei me perguntando, se ele cantasse isso hoje, para mim, o que eu responderia, então, lá vai: 




Marina, morena
Marina, você se pintou
Sim, eu me pintei, maquiagem boa, importada e cara, que eu comprei com o dinheiro do meu trabalho, algum problema?

Marina, você faça tudo
Mas faça um favor
Não pinte esse rosto que eu gosto
Que eu gosto e que é só meu
Oi?  O meu rosto é seu?... Dormiu com o Bozo, jovem?  Comeu criança quando era merda, queridão? Prossiga...
                              
Marina, você já é bonita
Com o que Deus lhe deu
Ah, muito obrigada, acontece que, como dizia o tiozinho que vendia bijus lá na minha faculdade, mulher que não se enfeita, por si se enjeita. Além disso, o que a natureza não deu, clinique, mary key, até avon venderam...

Me aborreci, me zanguei
Já não posso falar
E quando eu me zango, marina
Não sei perdoar
Olha, toma cuidado, viu? Guardar mágoas dá doença, só vai fazer mal para você mesmo.

Eu já desculpei muita coisa
Você não arranjava outro igual
Ah, realmente você é um fofo, mas o que desculpou foi por que quis, e sabe que chantagem comigo não funfa, né?

Desculpe, Marina, morena
Mas eu tô de mal
De mal com você
De mal com você.
Aaaaaaaaaaaaaaah, não! Homem mimizento não dá! Engole o choro e para de palhachada e vamos resolver isso em outro lugar e de outro jeito, se é que você me entende ;)



sábado, 12 de janeiro de 2013

Esperando "Giberto"


Meu bisavô Bernardo era um imigrante italiano, profissional da construção civil, um mestre de obras, para os padrões brasileiros do entre guerras seus conhecimentos o colocavam numa posição semelhante à de um arquiteto. Por conta disso, viajou a muitas cidades do interior de São Paulo, participou da construção de projetos importantes como a fábrica da Pirelli e o Grande Hotel São Pedro.
Na época da construção do Grande Hotel São Pedro, minha nonna era criança e órfã, ela e seus três irmãos, minha bisavó, também imigrante italiana morreu muito cedo vítima da tuberculose, naquela época, não havia tratamento para a doença e as pessoas morriam dela. Naquele tempo também era de praxe, tão logo um homem ficar viúvo já encontrar outra esposa, geralmente sua amante de quando era casado com a falecida. E assim meu bisavô o fez. Então, na ocasião da construção do Grande Hotel São Pedro, viviam em São Pedro, meu bisavô, a madrasta da minha nonna, minha nonna, seus irmãos e uma empregada que ajudava com os afazeres domésticos, a Nhá Ismênia.
Dizia minha nona que a Nhá Ismênia não tinha lá as ideias no lugar e todos os dias no final da tarde, Nhá Ismênia se arrumava, se maquiava com o que tinha disponível nos anos 30 (rolha queimada, batom e rouge), pegava a bolsa e esperava pelo “Giberto”. Assim que passava um aviãozinho desses “teco-teco” ela saia correndo desesperadamente atrás do “Giberto” e assim foi por anos e anos. Acontece, que não existia nenhum “Giberto”, a não ser na imaginação dela, talvez ela o tenha conhecido, ou simplesmente inventado um grande amor.
Minha nonna nunca soube explicar quem era o tal “Giberto”, até porque, na época ela era muito criança, minha mãe também não sabe, porque ouviu a história da minha nonna e eu sei menos ainda. Só sei que minha mãe costuma me alertar quando eu invisto num relacionamento furado dizendo: “vai lá esperar Giberto.”
E, numa reflexão mais aprofundada, numa época de aviões moderníssimos, maquiagens elaboradas e pouco espaço para correr, muitas mulheres continuam atrás do seu “Giberto”.