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sexta-feira, 11 de julho de 2014

Mas, quem é a Aurora?

A Aurora é uma garotinha de 83 anos, prima de primeiro grau da minha mãe. A mãe dela é a irmã mais velha do meu nonno, pai da minha mãe.
A Aurora não casou nem teve filhos, mas teve um grande amor. É madrinha de crisma da minha mãe, da minha tia, irmã mais velha da minha mãe e de batismo do meu irmão.
Aurora é costureira de profissão, uma costureira de mão cheia. Como começou a trabalhar muito cedo, aposentou-se muito nova, mas continuou trabalhando por conta própria, eu mesma tenho um blazer feito por ela que ninguém acredita que não foi comprado numa loja dessas muito caras.
Quando meu pai morreu, fomos morar junto com a Aurora, que morava sozinha numa casa que é da minha mãe e desde então, ela passou a fazer parte da família. Tão logo ela foi incorporada à família, descobrimos que ela tinha um tumor no cérebro, não era malígno, ela operou, mas, desenvolveu uma infecção hospitalar e, graças à sua teimosia infinita, driblou a morte e hoje nos presenteia com as histórias que eu compartilho com vocês.

domingo, 21 de julho de 2013

Bebês são mágicos!


           Claro, como tudo na vida há quem não goste de bebês e não cabe a mim julgar os gostos ou preferências de ninguém, mas eu acredito que bebês são criaturas mágicas, não há como manter o mau humor diante de uma gargalhada banguela, qualquer tristeza do mundo vai embora quando eles esticam o bracinho pedindo colo para você. Não importa que o bebê não seja seu filho, seu sobrinho ou da sua família, ele é um bebê!
Tenho decido que jamais terei um bebê meu por incontáveis razões que não cabem aqui enumerar, mas todos os bebês do mundo são um pouquinho meus e os das minhas amigas um pouquinho mais, das amigas mais próximas mais ainda e os das irmãs então, nem se fale.
E a Gabi? Ah, a Gabi é a filha da Aline e do Alan, desses amigos que a gente não faz, mas reconhece vida a fora. Essa semana tivemos o prazer de receber a ilustre visita da família aqui em casa, nem preciso dizer que eu me derreti de brincar com a Gabi, minha mãe então, desenhou na batata com caneta bic, fez um chocalho com feijão e um potinho vazio e, por dias ficamos comentando dela com a meia dos Monstros, três passinhos, uma olhada para o pé, um sorrisinho maroto e: “disenhu”.
Hoje recebemos a notícia de que o meu nonno não está nada bem de saúde, há dias seus rins não funcionam e sua creatinina está bastante alta, o que faz com que ele perca a noção das coisas e entre em delírio. Ele tem 90 anos, está com a saúde bem frágil de um modo geral e nós sabemos que, pela lógica o tempo dele está terminando. Minha mãe é a pessoa mais calma e equilibrada que eu conheço, qualquer outra no lugar dela estaria fazendo aquele escândalo, mas, ela age naturalmente, porém, eu sei que ela está triste e, pior, não há nada que eu possa fazer.
Há pouco minha mãe falou rapidamente com minha tia que está cuidando do meu nonno lá no interior, a conversa foi interrompida pela chegada do médico, minha mãe me devolveu o celular e voltou aos seus afazeres, assim, com os olhos caídos.
Passados uns 10 minutos, minha mãe me chamou, fui até a cozinha e lá estava o pote de arroz em cima da mesa, (minha mãe está ficando com mania de velho, recortou o Tio Joao da embalagem do arroz e colou no pote). Perguntei o que ela queria e ela me disse: “Você não vai acreditar, como a Gabi é inteligente! Eu fui pegar o feijão para fazer o chocalho para ela, ela viu o pote de arroz apontou e falou “disenhu”, o pai dela até veio olhar, por que ela ficou abaixadinha falando “disenhu”, aí, eu peguei o pote e coloquei em cima da mesa para ela ver o desenho e, você acredita que ela me pediu colo para por a mão no Tio João?”
Eu: E, você nem me chamou para ver?
Minha mãe: Ah, você e a Aline estavam conversando...
Eu vi que a expressão da minha mãe mudou, como se a partida eminente do meu nonno fosse uma etapa da vida que se inicia cheia de esperanças e sonhos em cada um desses pequenos e, aproveitando a deixa, chamei minha mãe para ver o vídeo do Gustavo, meu amigo intrauterino, filho da Maria, um careca charmosíssimo fazendo pose para a foto e a Anne da Tamis, sentada na sala de espera com uma toquinha de cup cake. Minha mãe vendo a caixa com as meinhas das meninas disse: enquanto o feijão cozinha, dá a meinha da Ágatha (da Lili) para eu embrulhar, bom que você escolheu essa para ela, por que não vai apertar o pezinho gordo dela e mesmo que não sirva já, a mãe pode guardar um pouquinho, logo vai servir. Vai ser como o macacão de baseball do Thomaz (da Claudinha), quando você der para ela, ela vai achar enorme, mas logo ele vai perder.
E assim a vida segue...

P.S.: Queria muito a foto desses lindos e do Guilherme da Jéssica ilustrando o post, mas não consegui falar com as mães antes da publicação... Imaginem, caros leitores os bebês mais fofos e gostosos do mundo.

sábado, 4 de maio de 2013

Bem, gente amiga

É sabido que o cancioneiro popular, não só do Brasil como do mundo todo está cercado de canções que não são necessariamente politicamente corretas, mas que retratam uma realidade e acabam virando ícones, uma delas é Amélia que virou sinônimo de mulher submissa, dedicada ao lar e que, de certa forma até denegriu a imagem das donas de casa. Um de seus autores, Mario Lago, tentou morrendo se explicar de que vários versos eram apenas licenças poéticas, que o objetivo da canção era falar de uma mulher companheira e dedicada, mas não teve jeito, as pessoas preferiram outra interpretação.
Hoje, voltando do salão de beleza onde fui fazer as unhas, com a minha mente bagunçada que estabelece conexões inexplicáveis, lembrei da Marina do Dorival Caymmi, que sem sombra de dúvidas é uma belíssima canção, mas é machista para caramba, então, fiquei me perguntando, se ele cantasse isso hoje, para mim, o que eu responderia, então, lá vai: 




Marina, morena
Marina, você se pintou
Sim, eu me pintei, maquiagem boa, importada e cara, que eu comprei com o dinheiro do meu trabalho, algum problema?

Marina, você faça tudo
Mas faça um favor
Não pinte esse rosto que eu gosto
Que eu gosto e que é só meu
Oi?  O meu rosto é seu?... Dormiu com o Bozo, jovem?  Comeu criança quando era merda, queridão? Prossiga...
                              
Marina, você já é bonita
Com o que Deus lhe deu
Ah, muito obrigada, acontece que, como dizia o tiozinho que vendia bijus lá na minha faculdade, mulher que não se enfeita, por si se enjeita. Além disso, o que a natureza não deu, clinique, mary key, até avon venderam...

Me aborreci, me zanguei
Já não posso falar
E quando eu me zango, marina
Não sei perdoar
Olha, toma cuidado, viu? Guardar mágoas dá doença, só vai fazer mal para você mesmo.

Eu já desculpei muita coisa
Você não arranjava outro igual
Ah, realmente você é um fofo, mas o que desculpou foi por que quis, e sabe que chantagem comigo não funfa, né?

Desculpe, Marina, morena
Mas eu tô de mal
De mal com você
De mal com você.
Aaaaaaaaaaaaaaah, não! Homem mimizento não dá! Engole o choro e para de palhachada e vamos resolver isso em outro lugar e de outro jeito, se é que você me entende ;)



sábado, 12 de janeiro de 2013

Esperando "Giberto"


Meu bisavô Bernardo era um imigrante italiano, profissional da construção civil, um mestre de obras, para os padrões brasileiros do entre guerras seus conhecimentos o colocavam numa posição semelhante à de um arquiteto. Por conta disso, viajou a muitas cidades do interior de São Paulo, participou da construção de projetos importantes como a fábrica da Pirelli e o Grande Hotel São Pedro.
Na época da construção do Grande Hotel São Pedro, minha nonna era criança e órfã, ela e seus três irmãos, minha bisavó, também imigrante italiana morreu muito cedo vítima da tuberculose, naquela época, não havia tratamento para a doença e as pessoas morriam dela. Naquele tempo também era de praxe, tão logo um homem ficar viúvo já encontrar outra esposa, geralmente sua amante de quando era casado com a falecida. E assim meu bisavô o fez. Então, na ocasião da construção do Grande Hotel São Pedro, viviam em São Pedro, meu bisavô, a madrasta da minha nonna, minha nonna, seus irmãos e uma empregada que ajudava com os afazeres domésticos, a Nhá Ismênia.
Dizia minha nona que a Nhá Ismênia não tinha lá as ideias no lugar e todos os dias no final da tarde, Nhá Ismênia se arrumava, se maquiava com o que tinha disponível nos anos 30 (rolha queimada, batom e rouge), pegava a bolsa e esperava pelo “Giberto”. Assim que passava um aviãozinho desses “teco-teco” ela saia correndo desesperadamente atrás do “Giberto” e assim foi por anos e anos. Acontece, que não existia nenhum “Giberto”, a não ser na imaginação dela, talvez ela o tenha conhecido, ou simplesmente inventado um grande amor.
Minha nonna nunca soube explicar quem era o tal “Giberto”, até porque, na época ela era muito criança, minha mãe também não sabe, porque ouviu a história da minha nonna e eu sei menos ainda. Só sei que minha mãe costuma me alertar quando eu invisto num relacionamento furado dizendo: “vai lá esperar Giberto.”
E, numa reflexão mais aprofundada, numa época de aviões moderníssimos, maquiagens elaboradas e pouco espaço para correr, muitas mulheres continuam atrás do seu “Giberto”.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Meia calça é para quem tem meia bunda!


Um dia desses eu fui convidada a participar de uma reuniãozinha no trabalho com gente de fora e, para esse momento, precisava estar dignamente vestida. Então, percebi que não tinha uma roupa digna – antes que vocês pensem que é conversa de mulher, quem me conhece sabe que é verdade, eu primo o conforto e a diversão, aí a dignidade acaba ficando em quinto plano, eis um princípio do mulambismo. Bem, pleno sábado a tarde, não tendo uma roupa digna, minha única opção foi o shopping, onde após rodar em várias lojas com peças de baixíssima qualidade e preços exorbitantes eu encontrei exatamente aquilo que eu precisava.
Agora, entra a conversa de mulher, comprei o que precisava e não resisti, encontrei uma calça perfeita, que me serviu direitinho (é difícil gente!) e a um precinho mais que camarada, o que me restou senão comprar?
Metade da produção resolvida, faltou o sapato. Eu tenho, uma sapatilha vermelha, desconfortável ao extremo que eu só uso quando necessário mas, como seria necessário estava perfeito. Eis que me encaminhando para a saída do shopping tinha uma loja com boa parte da coleção Crocs e uma sapatilha P.E.R.F.E.I.T.A. que eu já tinha visto na Internet, mas na loja estava custando 20,00 a menos, então, não resisti, entrei para experimentar.
O atendimento da loja, a Magic Feet, era excelente, um rapazinho muito atencioso foi buscar o sapato que eu queria no estoque enquanto isso me aproximei de Maria Vitória. Ela veio para perto de mim assim que eu sentei num dos bancos coloridos, estava acompanhada da mãe e da avó e já veio querendo fazer amizade, eu que quase não gosto de crianças, ignorei os conselhos do pessoal do Loucura Materna e comecei a dar atenção a ela, puxei assunto dizendo que o cabelo trançado dela era lindo, e ela logo me respondeu: é “afo”. Em menos de dois minutos éramos as melhores amigas, estávamos vendo os bottons para Cros que, infelizmente, só ela pode usar, afinal, ela tem 2 anos e 8 meses e eu um pouco mais de 31.
O tempo todo a mãe e a avó de Maria Vitória diziam para ela não me incomodar e eu, respondia que ela não estava me incomodando, pois estávamos numa brincadeira divertidíssima com os bottons, mas eu fiquei meio sem jeito, porque vai que a mãe e a avó não gostam que a menina brinque com pessoas estranhas (em todos os sentidos da palavra). Vendo que não tinha mais jeito, que a amizade já estava estabelecida, a mãe da minha amiguinha começou a me contar da dificuldade que estava enfrentando para encontrar um sapato para Maria Vitória, pois assim como eu, (desde a idade dela até hoje), ela não usa meia calça nem a pau.
A mãe da menina explicou que tinham um casamento e que ela tinha preparado uma roupa para o frio e outra para o calor, já que um vestido com meia calça seria missão impossível, então ela estava levando uma linda sapatilha Crocs para o calor e outra para caso de frio.
Ao explicar o drama da meia calça, Maria Vitória foi ficando meio sem graça, afinal de contas, não é fácil não gostar de uma coisa que toda menina deveria gostar. Foi aí que nossa amizade entrou em ação e fui logo dizendo: Sabe, Maria Vitória eu também não gosto de meia calça, não uso de jeito nenhum, é ruim para por, para tirar para ir ao banheiro, pinica, coça... ela me interrompeu mostrando que coçava atrás do joelho e eu concordei. Rapidinho a expressão dela mudou. Eu prossegui, você não precisa usar meia calça se não quiser, a gente é da turma das que não usam meia calça, toca aqui (um hi-five).
Nisso o vendedor trouxe a minha sapatilha, eu experimentei, ficou perfeita, as da Maria Vitória também ficaram perfeitas no pé dela. Creio que a mãe não tenha gostado muito da minha atitude, ela esperava que eu fosse incentivar o uso da meia calça. Fomos para a fila do caixa, eu paguei primeiro, me despedi da minha amiga com um abraço bem apertado e de sua família, saí da loja, em sequência a mãe, a avó e a Maria Vitória também saíram da loja. Logo senti uma mão em meu ombro, assustei e virei para trás, era a avó de Maria Vitória que me perguntou: Qual sua religião?  Respondi que era ateia e ela me disse, não é não, você é toda de Oxum e eu adorei.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Reparar X Admirar


Durante as minhas férias todos os dias eu ia buscar pão quentinho no Extra às 16:45, como só comprava o pão, pegava a fila de poucos volumes que costumam ser as maiores e mais demoradas. Em um desses dias estava à minha frente uma jovem senhora de 40 e poucos anos e no corredor em frente aos caixas um bebê que era a coisa mais fofa do mundo, ele tinha bem menos de um metro, acho que suas perninhas não deviam ter mais de 20 cm, mas ele corria com tanta rapidez que a adolescente dos cabelos azuis que estava cuidando dele quase não o conseguia acompanhar. Ele sabia exatamente para onde queria ir, em direção ao estacionamento, e a adolescente tentava detê-lo, desviá-lo, ele dando um baile nela e eu observando com muita atenção.
Vendo minha concentração na cena, a senhora que estava na minha frente virou para mim, já meio sem paciência e perguntou rispidamente se eu tinha filhos de pronto respondi que não e ela logo revidou: “por isso é fácil reparar no filho dos outros.” Eu, calmamente perguntei, ele é seu filho? E ela me respondeu que era neto, filho da adolescente que a essas alturas estava exausta, com as bochechas vermelhas enquanto o bebê continuava correndo sem demonstrar o menor sinal de cansaço ou intenção de dar uma folguinha para a mãe.
Então, calmamente eu respondi à senhora que estava pronta para dar aquele barraco comigo que eu não estava reparando no neto dela, mas sim admirando, admirando como perninhas tão curtas são capazes de correr tão rápido, além disso, ele tinha uma inteligência motora muito desenvolvida, por que ele sabia exatamente a hora de desviar da mãe e quando a mãe tentou pegá-lo no colo ele se jogou no chão e deixou o corpo todo mole de modo que ela teve muita dificuldade para pegá-lo. Isso tudo é muito difícil de fazer e não deve ser reparado, mas sim admirado.
A senhora me olhou com certo espanto e me disse: “Nossa, eu nunca pensei nele assim, para mim ele era só encapetado e a mãe dele incompetente por que não sabe dar educação. Muito Obrigada! Posso te dar um abraço?”
Assim, a avó do pequeno velocista se foi, quando eu olhei de novo estava lá a mãe que não devia ter muito mais de 18 anos, sentada num banco segurando o queridão meio que a força enquanto ele tentava se livrar da blusa para poder correr por aí com aquelas incansáveis perninhas de 20 cm.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Era uma vez...


Era uma vez um boy magia e uma mocinha nerd meio esquisitona, mas super divertida. Entre eles havia uma amiga em comum numa rede social, aí o boy magia e a mocinha nerd meio esquisitona, mas super divertida começaram a interagir através de comentários nos posts da amiga em comum na tal rede social.
Eles se adicionaram, começaram a conversar, pintou um interesse, eles foram se conhecer, e aí azedou o pé do frango, o boy magia tinha o coração ocupado e a mocinha nerd meio esquisitona, mas super divertida não tinha o menor traquejo social ou sensual.
Assim, cada um foi para o seu lado lá na rede social, não mais se falaram, não mais trocaram comentários nos posts e o tempo passou e passou. Acontece que a mocinha nerd meio esquisitona, mas super divertida percebeu o que já tinha percebido há muito tempo, que o boy magia é um cara daqueles para se ter como amigão, amigão para sempre e ela queria muito fazer amizade com ele, mas tem um medo danado de se aproximar. Vai que o boy magia entenda a aproximação como uma cantada, vai que o boy magia não queira fazer amizade, vai que...
E aí, amigo leitor, o que você sugere para a nossa mocinha nerd meio esquisitona, mas super divertida?