Eu aprendi muitas coisas com meu pai. Aprendi a passar o
cadarço e amarrar o tênis, jogar paciência e freecel (com baralho mesmo, não no
computador), aprendi a gostar de ler, de boa música (sempre com fone de ouvido),
a mexer nos aparelhos eletrônicos e muitas coisas sobre o Rio de Janeiro.
Aprendi a dirigir em condições normais, na chuva, na neblina
e quando quebra o cabo da embreagem.
Aprendi que não gostar é um direito, mas tratar bem é um
dever e que não precisa viver perto de quem me faz mal, basta ignorar e seguir minha
vida com a postura correta que todo mundo me respeitaria de volta.
Aprendi também que todo o castigo para corno é pouco, que
corno deve pagar dobrado e que mesmo sendo tudo puta, viado, corno ou drogado,
a opção sexual, cor, religião ou dinheiro, não significam nada, por que o que
vale de verdade é o caráter e este independe de tudo isso.
Aprendi ainda que não se deve importunar as pessoas nas
tardes de domingo, porque é o momento do cochilo semanal de quem trabalha a
semana inteira.
Com o meu pai aprendi muitas coisas mais, tanto que nem cabe
aqui nem em lugar nenhum, só não aprendi que nunca mais eu vou ver a novela das
oito com ele.
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