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sexta-feira, 1 de abril de 2011

A gravata que Arnaldo recebeu, foi um presente de Solano‏

Bem, caros leitores, aqui temos a participação especial de Mário Roberto, O Príncipe Bruto!
As opiniões emitidas abaixo são de inteira responsabilidade do autor do texto embora eu concorde com quase tudo, menos com a forma com que ele se refere à Gal.


No idos anos 80, bem antes de sermos apresentados à cauda dinossáurica da Shakira, a Colômbia era reconhecida por ser país-sede de uma gigantesca organização, digamos, comercial: O Cartel de Medelín.  
No auge dos negócios, o grupo chegou a controlar 80% da ditribuição de cocaína ao redor do  planeta.
Um cidadão chamado Pablo Emilio Escobar Gaviria era o chefe desta organização e, através de muito dinheiro “investido” nos afagos aos homens-da-lei, tornou-se Rei daquelas terras pré-Shakirianas.

Reza a lenda que os delatores do sistema imposto pelo cartel eram agraciados com um singelo castigo: Execução pelo método da gravata colombiana.
A “técnica” baseava-se em cortar a garganta do cidadão e puxar para fora a lígua de trapo do imbecil que ousara dedurar o esquema de Escobar. Asfixia na certa.

Enquanto Escobar deitava (mandava, cheirava, matava...) e rolava em Bogotá (não sei porque, mas esse nome sempre me lembra Boi-tá-tá...), a Terra Brasilis ainda estava anestesiada com o recente fim da ditadura, vivendo um híbrido sentimento de alívio e incerteza.
Ninguém sabia ao certo como Tancredo havia morrido, se havia morrido, ou se morreram com ele. Ninguém aguentava mais ouvir “70 Neles” (setenta neles, setenta neles, setenta neles, outra vez Brasil...) na voz afeminada do baianinho Gal Costa. E, para piorar, o long play “Xou da Xuxa” é lançado, alcançando em pouco tempo a marca de 2.622.977 cópias vendidas.

É bem ai, no meio dessa incerteza toda, onde não se sabe se a dita é DURA ou se a dita é MOLE, se a moça se chama Gal ou se é um Galo, e se a Xuxa realmente é um “xou”, que surge uma das canções mais intrigantes da música popular brasileira: “Ela é americana”.

Esta canção é simplesmente um emaranhado de exaltações e informações subversivas, todas cuidadosamente disfarçadas de romance, pieguice, lambada, e outras coisas cafonas.

O compositor é um camarada chamado Solano (a banda chamava-se Solano e seu Conjunto... pense!), ele é paraense e participava do movimento “guitarradas do Pará”. Dentre os expoentes da guitarrada está o GRANDE (e eu não estou brincando não, que o diga Hebert Vianna!) Chimbinha!

“Ela é americana” é uma pérola na arte de se fazer mensagem subliminar. Ninguém me tira da cabeça que no meio de toda turbulência política brasileira, somada às influências caribenhas na região norte, o danado do Solano fez uma puta de uma exaltação ao até então Rei da Colômbia.

Vejamos:
Ela é americana, da América do Sul;
Ela é americana, da América do Sul;

Eu amo uma americana, ela é bacana, linda pra chuchu;
Quando estou na pior, ela está na melhor, ela me dá tutu;

Com ela não tem cara feia, tudo é limpeza, tudo está legal;
Com ela não tem dedo duro, nada de furo, ela é genial;



Gosta de uma maluquice, mas de caretice, ela tem horror;
Gosto da americana, não me fale dela eu lhe peço por favor!

Tô gamado nela, vou me casar com ela;
Não tem deduração, vou fazer com ela uma transação!


Tô gamado nela, vou me casar com ela;
Não tem deduração, vou fazer com ela uma transação!

Agora, me diga: Onde, nos anos 80 (império americano em alta), iria-se encontrar uma mulher da américa do sul que fosse descolada, gostasse de maluquices, e tivesse “tutu” para bancar vagabundo? Mais ainda, por que ela seria “dedo-duro” e daria “furos”? Quem fez o quê, héin?! E, por fim, por que ele pede que não lhe falem dela? Por que falar de uma americana da américa do sul se somos todos “hermanos”?
Não quero dizer que o Solano tenha participado de alguma facção criminosa, ou algo do tipo. Longe disso. Agora, desprezar “Ela é americana” e não classificá-la como uma pérola da subversão, com direito à letra e melodia subliminares, fica difícil!
Esta canção foi um tapa na cara, ou, se preferir, foi uma gravata colombiana na empáfia dos pseudo-intelectuais brasileiros que só entendiam mesmo de pornoXUXADAS, coisas bem ao  nível “amor, estranho amor” e “Chica da Silva”... Coisas bem ao estilo do Arnaldo Jabor, um cara que eu sinceramente não entendo qual a função dele na mídia nacional. Ele é apenas um Nelson Rubens que sabe falar difícil. Só isso.
Talvez, se Solano aparecesse na TV de vez em quando, o nosso admirável gado novo tb o idolatrasse, assim como fazem com o Nelson, assim como fazem com o Arnaldo.


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